Guia de viagem gastronómica a Alcobaça
A apenas uma hora e meia a norte da capital, Alcobaça é uma tranquila cidade da região Oeste que pode não ter a fama de postal de Sintra nem o encanto de conto de fadas de Óbidos. No entanto, para quem valoriza a história, a boa comida e um ritmo de viagem mais pausado, é uma das melhores escapadinhas a partir de Lisboa.
Chegar a Alcobaça a partir de Lisboa é simples e confortável, mesmo para quem vem apenas passar o dia, embora valha bem a pena pernoitar, caso queira explorar as paisagens rurais e as praias dos arredores. De carro, o percurso tem cerca de 125Km e demora aproximadamente 1 hora e 30 minutos, seguindo pela autoestrada A8 em direção a Leiria. Depois de passar pelas Caldas da Rainha, deve sair para o IC9, seguindo as indicações para Alcobaça durante cerca de 15 minutos até chegar ao centro da vila. Se não tiver pressa, pode optar por uma viagem mais panorâmica, percorrendo a estrada costeira que passa pela Ericeira, Peniche e a Nazaré, apreciando as vistas sobre o Atlântico e as pequenas vilas piscatórias ao longo do caminho. Neste caso, conte com pelo menos mais cerca de 45 minutos de viagem, mas se tiver um fim de semana inteiro para desfrutar da região, esta rota transforma-se numa pequena road trip memorável. Em Alcobaça, estacionar é relativamente fácil comparado com outras localidades históricas, como Sintra. Há várias opções gratuitas e pagas junto ao mosteiro e nas principais avenidas, embora aos fins de semana e em dias festivos a procura aumente.
Para quem depende dos transportes públicos, o autocarro é de longe a melhor opção, já que Alcobaça não é servida diretamente por comboio. As empresas Rede Expressos e FlixBus operam ligações diárias diretas a partir do terminal de Sete Rios, em Lisboa, com uma duração média de 1 hora e 40 minutos. Os autocarros deixam os passageiros na estação principal de Alcobaça, a cerca de dez minutos a pé do mosteiro. Os bilhetes podem ser comprados online ou no terminal, mas durante fins de semana e feriados é aconselhável reservar com antecedência, pois as partidas a meio do dia costumam esgotar. Se preferir viajar cedo, os autocarros das 7h30 ou 8h00 permitem-lhe chegar a tempo de um passeio tranquilo pela manhã antes do almoço. O regresso a Lisboa pode ser feito ao final da tarde ou no início da noite, mas convém confirmar previamente os horários, uma vez que o último autocarro costuma partir por volta das 19h00.
Imagem de capa cortesia de The Fork
Imagem cortesia de Alvesgaspar em Wikipedia
O local mais emblemático de Alcobaça é, sem dúvida, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (Praça 25 de Abril), classificado como Património Mundial da UNESCO e um dos mais impressionantes exemplos de arquitetura gótica cisterciense da Europa. Construído no século XII, foi o primeiro grande mosteiro fundado pela Ordem de Cister fora de França e teve um papel fundamental não só no desenvolvimento cultural, mas também agrícola de toda a região. Os monges que aqui se instalaram criaram sistemas de irrigação, experimentaram a produção de vinho e introduziram novas técnicas agrícolas que marcaram a paisagem do Oeste durante séculos.
Imagem cortesia de Coimbra Por Ti
Se tiver curiosidade em conhecer uma das mais célebres e trágicas histórias de amor portuguesas, entre no mosteiro e visite os túmulos de D. Pedro I e D. Inês de Castro, conhecidos como os “Romeu e Julieta” de Portugal (há até um filme sobre o tema disponível na Prime Video). O seu romance desafiou o dever real e terminou em tragédia, tornando-se uma história tão marcante que passou a fazer parte da memória coletiva nacional. Inês, uma nobre galega, era amante do infante D. Pedro, apesar da oposição do pai deste, o rei D. Afonso IV, por motivos políticos. Quando o rei ordenou a sua execução, em 1355, a dor de Pedro transformou-se em vingança. Ao subir ao trono, perseguiu e mandou executar os assassinos e, segundo a lenda, mandou exumar o corpo de Inês, coroando-a como rainha para que os cortesãos lhe prestassem homenagem ajoelhando e beijando-lhe a mão. No interior do mosteiro, os túmulos de pedra dos dois amantes estão colocados frente a frente, de forma que, segundo conta a lenda, possam reencontrar-se no Dia do Juízo Final.
Imagem cortesia de Celiaak no Wikipedia
Alcobaça pode parecer apenas um pequeno desvio no mapa, mas facilmente preenche um dia inteiro, sobretudo se se aventurar para lá do mosteiro e da praça principal. Nos arredores encontra-se o Castelo de Alcobaça (Rua do Castelo 35), do qual restam ruínas medievais, acessíveis por uma curta subida que compensa com vistas panorâmicas sobre a cidade.
Imagem cortesia de Bebida.pt
Também merece uma visita o Museu do Vinho (Rua de Leiria), instalado numa antiga adega do século XIX que conta a história da produção vinícola na região, e o Convento de Santa Maria de Cós (Rua Santa Rita, Cós), que acolheu durante séculos as freiras cistercienses.
Imagem cortesia de Alcobaça Digital
O Parque Verde (fotografado acima), que acompanha o rio Alcoa através da cidade, é uma agradável zona de lazer para passeios tranquilos ou um piquenique. E, se viajar em família, o Parque dos Monges (Rua Quinta das Freiras 10 – na foto abaixo), um original parque ecológico de inspiração medieval, combina atividades de aventura com trilhos naturais e recriações de edifícios monásticos.
Imagem cortesia de Jornal O Alcoa
Uma das particularidades que torna Alcobaça especial é o facto de a cidade se situar entre campos férteis e o Atlântico. A poucos quilómetros, pode encontrar pomares, vinhas e praias deslumbrantes. O concelho abrange verdadeiros tesouros da costa, como São Martinho do Porto (foto abaixo), com a sua baía em forma de concha e águas calmas; Paredes da Vitória, preferida pelos surfistas; e ainda trechos mais sossegados como a Praia da Légua ou Vale Furado, ideais para quem procura tranquilidade junto ao mar.
Imagem cortesia de Turismo Centro de Portugal
Se optar por ficar no centro de Alcobaça, resista à tentação de visitar apenas o mosteiro e seguir viagem. Tire tempo para sentir o ambiente da cidade, tome um café numa esplanada voltada para a fachada gótica, observe os habitantes locais nas suas rotinas e perca-se pelas ruas secundárias, onde as montras das pastelarias exibem doces conventuais, aquelas especialidades ricas em gemas e açúcar que Portugal tornou famosas e às quais Alcobaça dedica até um festival anual, a Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais. Aproveite ainda para espreitar uma loja de cerâmica, visitar uma adega local e, claro, desfrutar de uma boa refeição num dos melhores restaurantes da cidade:
Os melhores restaurantes de gastronomia portuguesa em Alcobaça
António Padeiro
Instalado num encantador edifício do século XVIII, a poucos passos do mosteiro, o António Padeiro é um dos restaurantes mais conceituados de Alcobaça. O nome é uma homenagem a um padeiro local que viveu na casa há várias décadas. O menu celebra a comida de conforto portuguesa, com fortes influências regionais, contando com pratos ricos e lentos, carnes estufadas e receitas que não destoariam numa antiga cozinha monástica. Entre os destaques estão o cabrito assado no forno, a reconfortante feijoada à portuguesa, e o bacalhau à António Padeiro, servido com batatas assadas e cebolas caramelizadas. À boa maneira portuguesa, as doses são generosas e facilmente partilháveis. Na doçaria, a carta aposta nas tradições conventuais que moldam o paladar doce de Alcobaça, com clássicos como o toucinho do céu, um bolo denso de amêndoa e gema, e a sericaia, um pudim leve e cremoso polvilhado com muita canela. A carta de vinhos privilegia produtores da região Oeste e da vizinha Bairrada. Se só tiver tempo para uma refeição em Alcobaça, o António Padeiro é uma aposta segura.
📍Rua Dom Maur Cocheril 27, 2460-032 Alcobaça
Imagem cortesia de António Padeiro
O Reencontro Restaurante
O menu d’O Reencontro é uma verdadeira carta de amor à cozinha caseira portuguesa. A sala é simples e luminosa, com mesas de madeira, peças de cerâmica local e um burburinho agradável vindo da cozinha que lhe dá vida. O prato que mais atrai visitantes e habituais é o frango na púcara, uma das especialidades mais emblemáticas de Alcobaça. A receita remonta aos tempos dos monges de Cister, conhecidos pelas suas refeições reconfortantes e de cozedura lenta. O nome vem do recipiente onde é preparado, a púcara, uma panela de barro onde o frango é cozinhado lentamente, depois de marinar em vinho branco, alho, cebola, azeite e um toque de enchidos que lhe confere ainda mais sabor. O resultado é uma carne tenra e um molho aromático, rústico e genuinamente local. O restante menu mantém a mesma autenticidade, contando com peixe grelhado fresco da costa próxima, bochechas de porco estufadas em vinho tinto e sobremesas caseiras que mudam todos os dias. É o tipo de restaurante onde não precisa de pensar muito no que pedir, tudo sabe a caseiro e bom.
📍Rua Frei António Brandão 47, 2460-047 Alcobaça
www.instagram.com/o.reencontro.restaurante
Imagem cortesia de O Reencontro no Instagram
Tasca Zé da Loja
Para perceber o verdadeiro sabor do quotidiano em Alcobaça, basta entrar na Tasca Zé da Loja. Pequena, despretensiosa e com um charme intemporal, esta tasca situa-se a poucos metros da praça principal e parece não ter mudado muito ao longo das décadas. O ambiente é modesto, com cadeiras desencontradas e paredes cheias de fotografias antigas, mas a clientela fiel é a melhor prova da qualidade e consistência da casa. O menu é curto, escrito à mão e orgulhosamente tradicional. Encontrará petiscos que pedem um copo de vinho da casa, tais como enchidos regionais, moelas suculentas em molho espesso ou pataniscas de bacalhau douradas e crocantes. Há também pratos do dia, como o cozido à portuguesa à quarta-feira e a feijoada ou a carne de porco à alentejana à sexta, sempre servidos em doses generosas. Nada pretensioso, simplesmente focado na comida honesta e saborosa, daquelas que lembram porque é que as tascas fazem parte do ADN cultural português.
📍Rua Dom Afonso de Albuquerque 20, 2460-020 Alcobaça
www.facebook.com/ozedaloja
Imagem cortesia de Cardapio
Pratu’s Restaurante Bar & Tapas
Para uma abordagem mais contemporânea à gastronomia de Alcobaça, o Pratu’s Restaurante Bar & Tapas traz um toque moderno aos sabores locais sem perder o respeito pela tradição. Situado perto do mosteiro, destaca-se pelo interior elegante e acolhedor, com iluminação suave, mobiliário em madeira e uma atmosfera descontraída que faz lembrar mais Lisboa do que o sossego do Oeste. O menu foi pensado para partilhar, com petiscos de inspiração portuguesa reinterpretados de forma criativa. Pode começar com um pica-pau de novilho, cubos de carne tenra servidos com molho de mostarda e alho, ideais para mergulhar o pão, ou com umas amêijoas à Bulhão Pato, perfumadas com coentros e azeite. Entre os pratos principais, há opções como o polvo à lagareiro com puré de batata doce ou o bacalhau à Brás, recriado numa versão mais leve e elegante. Também há opções vegetarianas bem pensadas, como legumes grelhados, risotos cremosos e saladas sazonais. O Pratu’s brilha igualmente nas bebidas, com uma carta de vinhos bem curada, com rótulos do Oeste e do Dão, e há várias opções a copo, além de uma lista de cocktails criativos para quem procura algo mais arrojado.
📍Rua Dom Maur Cocheril 6, 2460-032 Alcobaça
www.instagram.com/restaurante_pratus
Imagem cortesia de Pratus no Instagram
O Castigo
O grande orgulho d’O Castigo é a sua grelha, de onde saem carnes preparadas na perfeição, como o naco de novilho na pedra, servido ainda a crepitar sobre uma pedra quente para que o cliente o finalize a gosto, ou o bife à portuguesa, acompanhado por um molho rico de vinho e alho e batatas fritas estaladiças. As opções de cozedura lenta também são boas, em especial as bochechas de porco estufadas em vinho tinto, tenras e suculentas. Os sabores são intensos e rústicos, mas apresentados com elegância, unindo a tradição portuguesa a um toque mais contemporâneo. Para terminar a refeição, há clássicos que nunca falham, como o pudim de ovos e a tarte de maçã, preparada com a famosa maçã de Alcobaça, produto com Indicação Geográfica Protegida (IGP). A carta de vinhos é igualmente cuidada, destacando rótulos da Bairrada e do Dão, ideais para acompanhar os robustos pratos de carne.
📍Estr. Eng. Vieira Natividade 209, 2460-477 Évora de Alcobaça
www.instagram.com/restauranteocastigo
Imagem cortesia de O Castigo no Facebook
Ti’Anita
A poucos minutos do centro histórico de Alcobaça, o Ti’Anita é um restaurante de ambiente rural, especializado em pratos de cozinha caseira. Longe do circuito turístico, é aqui que os locais se reúnem para almoços de domingo e celebrações em família. As porções são generosas e os sabores, reconfortantes, incluindo pratos como carne de porco à alentejana, cozido à portuguesa e o tradicional arroz de pato, dourado e aromático, acabado de sair do forno. Aos fins de semana, a especialidade da casa é o cabrito assado no forno, marinado de véspera e assado lentamente até a carne se soltar do osso. Todos os pratos são acompanhados por guarnições que podiam ter vindo diretamente da horta, como batatas bem assadas, legumes salteados e saladas regadas com azeite português. A carta de vinhos é curta, mas local, com opções acessíveis que combinam bem com a cozinha farta. Na doçaria, mantêm-se fiéis às tradições portuguesas, com sobremesas como o leite creme, o pudim de ovos e, por vezes, a serradura, uma sobremesa em camadas de natas e bolacha ralada servida em copinhos individuais.
📍IC2 Km 93 2, Moleanos, 2460-500 Alcobaça
Imagem cortesia de Ti’Anita no Facebook
Restaurante Maria José
A poucos passos do mosteiro, o Restaurante Maria José é uma instituição local, servindo pratos tradicionais portugueses há várias décadas. Sem grandes pretensões, aposta naquilo que realmente importa, isto é, o sabor e a autenticidade. O menu inclui clássicos como o bacalhau à Brás, a carne de porco com amêijoas à alentejana, o polvo à lagareiro e pratos de tacho de inverno, como o cozido à portuguesa e a feijoada. A comida é simples, feita com honestidade, e o serviço é simpático e eficiente, assegurado pela mesma equipa de sempre, um ótimo sinal de continuidade. As sobremesas são todas caseiras, passando pelo arroz doce polvilhado com canela, o pudim flan e, ocasionalmente, tarte de maçã feita com as célebres maçãs de Alcobaça. Os preços são justos, o ambiente é descontraído e fica a sensação de estar a comer num lugar que resistiu ao tempo sem perder o seu caráter.
📍Rua Q.ta das Freiras 1/3, 2460-089 Alcobaça
www.facebook.com/resataurantemariajose2331
Imagem cortesia DIGin
Trindade
Aberto desde 1924, o Trindade é reconhecido como um dos restaurantes mais antigos e prestigiados de Alcobaça. Situado a poucos passos do mosteiro, mantém o charme de outra época, com uma sala clássica e acolhedora onde o tempo parece abrandar. A cozinha celebra os sabores da região, servindo pratos nostálgicos como o bacalhau à lagareiro, o polvo à lagareiro e o ensopado de borrego, servido sobre fatias de pão rústico. Na doçaria, brilham os doces conventuais, entre eles o lendário barrete, oficialmente chamado delícia do Trindade, um bolo rico de amêndoa e gema. O nome curioso nasceu nos anos 1950, quando uma cliente, indignada com um aumento repentino de preço, comentou que “lhe tinham enfiado o barrete”, expressão popular que significa ter sido enganada. O proprietário, com bom humor, decidiu batizar o doce em homenagem ao episódio. Hoje, o Trindade continua a servir boa comida, tradição e simpatia em doses iguais.
📍Praça Dom Afonso Henriques 22, 2460-030 Alcobaça
www.facebook.com/caferestaurantetrindade
Imagem cortesia de Trindade
O Cabeço
Nos arredores de Alcobaça, rodeado por colinas verdes e pomares, O Cabeço justifica plenamente o pequeno desvio do centro. Instalado num edifício rústico e elegante, com amplas janelas voltadas para o campo, é o cenário ideal para uma refeição mais demorada. A cozinha eleva os sabores tradicionais portugueses com requinte, apostando em produtos locais e ingredientes sazonais. Entre as entradas, destacam-se a canja de amêijoas, delicada e aromática, e a morcela com compota de maçã, um contraste perfeito entre o doce e o salgado. Nos pratos principais, sobressaem o lombo de porco com maçã e vinho do Oeste, onde a fruta dá frescura e acidez à carne, e o arroz de tamboril com gambas, cremoso e reconfortante. As sobremesas são imperdíveis, particularmente o cheesecake de maçã de Alcobaça, leve e aveludado, e o reinterpretado pudim Abade de Priscos, com notas de citrinos e vinho do Porto, mantendo toda a sua textura rica e sedosa.
📍Rua Dona Elvina Machado 65, 2460-521 Maiorga
Imagem cortesia de O Cabeço no Lifecooler
Landim
Escondido numa rua tranquila perto do centro histórico, o Landim é daqueles restaurantes que os habitantes locais recomendam sem hesitar quando se pergunta onde se come bem em Alcobaça. A cozinha está nas mãos de um chef formado na tradição portuguesa, e o menu muda consoante a estação, indo muito além dos pratos mais previsíveis. Para começar, vale a pena provar as amêijoas com enchidos, salteadas com pedacinhos de chouriço fumado que lhes conferem um sabor profundo e surpreendente, ou os ovos rotos com farinheira, em que as gemas cremosas se misturam com rodelas estaladiças deste enchido típico sobre batatas fritas caseiras. Entre os pratos principais, destacam-se os lombinhos de porco com puré de maçã, o linguado grelhado e o arroz de tamboril. Nos meses frios, reina o conforto da vitela estufada com cogumelos, tenra e envolta num molho rico de vinho tinto. As sobremesas são todas preparadas em casa e merecem atenção, especialmente a tarte de maçã servida ainda morna e a gulosa mousse de chocolate com flor de sal, simples mas inesquecível.
📍Rua 9 de Outubro 10, 2460-312 Alcobaça
www.instagram.com/restaurante.landim
Imagem cortesia de Landim no Facebook
Portas de Fora
Com vista para o rio e a poucos minutos do mosteiro, o Portas de Fora representa o lado mais contemporâneo da gastronomia de Alcobaça, elegante, mas sem pretensões. O nome assenta-lhe bem, pois o espaço abre-se para uma ampla esplanada envidraçada, onde é possível almoçar ou jantar com vista para o centro histórico, num ambiente descontraído e luminoso. A cozinha aposta em ingredientes locais tratados com criatividade. As entradas podem incluir uma tiborna de polvo, fatias de pão torrado cobertas com polvo tenro e azeite de alho, ou uma salada de queijo de cabra com mel e nozes, fresca e aromática. Seguem-se pratos que equilibram os sabores da terra e do mar, como o lombo de bacalhau com puré de grão e grelos salteados ou o magret de pato com redução de vinho do Porto e puré de maçã de Alcobaça. No verão, o salmonete com arroz de tomate é um dos preferidos. As sobremesas continuam a homenagear a tradição de forma reinventada, com opções como uma sericaia desconstruída com gelado de canela ou uma leve panna cotta de maçã e vinho licoroso. A carta de vinhos é uma das melhores de Alcobaça, com produtores regionais e opções biodinâmicas, e o serviço é atencioso, sempre pronto a sugerir harmonizações.
📍Rua Frei António Brandão 105, 2460-047 Alcobaça
Imagem cortesia de Jornal O Alcoa
O Bitoque
Simples e 100% português, O Bitoque é aquele restaurante do dia a dia que mantém Alcobaça bem alimentada. O ambiente é descontraído e familiar, e as doses são generosas o suficiente para satisfazer qualquer apetite. Como o nome indica, o prato estrela é o bitoque, um dos maiores clássicos da cozinha portuguesa, consistindo num bife tenro (de vaca ou, por vezes, de porco), servido com batatas fritas, arroz e um ovo estrelado por cima, tudo regado com um molho de alho e vinho que se infiltra em cada garfada. É simples, rápido e deliciosamente reconfortante. A ementa inclui também a popular francesinha, a icónica sanduíche portuense recheada com carnes frias, linguiça e queijo, servida regada de um molho picante de tomate e cerveja, além dos pratos do dia, que variam consoante a semana. Ao almoço, o menu diário é uma opção acessível que inclui sopa, prato principal, bebida e café expresso, uma raridade económica em tempos modernos. Tudo é preparado na hora e servido com um sorriso, num ambiente informal e acolhedor.
📍Rua Afonso Albuquerque 101, 2460-020 Alcobaça
www.facebook.com/eliana.domingos.1977
Imagem cortesia de O Bitoque no Facebook
MEAT
Como o nome indica, o MEAT é o refúgio ideal para quem não vive sem carne e aprecia refeições generosas e cheias de sabor. A poucos minutos do mosteiro, o restaurante distingue-se pelo ambiente moderno e elegante, que se destaca dos restaurantes mais tradicionais da cidade, com foco no bom vinho e no prazer de um bom bife. O menu gira em torno de carnes grelhadas de origem portuguesa e internacional, bem confeccionadas e acompanhadas por molhos e guarnições à escolha. Entre as preferidas estão o entrecôte grelhado e a picanha brasileira, servida fatiada com arroz de alho e feijão preto. As opções mais robustas, como o t-bone e o tomahawk, chegam à mesa ainda a chiar sobre pratos quentes, perfeitos para partilhar. Há também alternativas que fogem ao óbvio, como as costeletas de borrego e o hambúrguer gourmet. Mesmo as entradas revelam a paixão pela carne, com sugestões como o tártaro de novilho, ideal para acompanhar um copo de tinto da carta, que privilegia vinhos do Douro, Alentejo e Lisboa. Para finalizar, o fondant de chocolate com gelado de baunilha é um fecho indulgente para uma refeição decididamente hedonista.
📍Rua Frei António Brandão 49, 2460-047 Alcobaça
www.facebook.com/Meathamburgueria
Imagem cortesia de MEAT no Facebook
Onde comer os famosos doces conventuais de Alcobaça
Pastelaria Alcôa
Nenhuma visita a Alcobaça fica completa sem uma paragem na Pastelaria Alcôa, um verdadeiro templo dos doces conventuais e uma das pastelarias mais premiadas do país. Fundada em 1957 por Maria Amélia Anjos e ainda hoje nas mãos da mesma família, a Alcôa tornou-se sinónimo da preservação da doçaria monástica da região. As vitrinas parecem um museu de açúcar e gema, exibindo trouxas de ovos, rolinhos de fios de ovos muito suaves embebidos em calda; celestes, pastéis leves de amêndoa embrulhados em papel; toucinho do céu, rico bolo de amêndoa e gemas cujo nome lembra a indulgência da receita tradicional com toucinho; marmelada branca, pasta de marmelo clara e sedosa outrora reservada a dias festivos; lampreia de ovos, doce de aspeto curioso moldado como uma lampreia, feito de fios de ovos e calda; e muitas outras especialidades. Todas seguem receitas antigas nascidas nas cozinhas do Mosteiro de Alcobaça, onde as freiras usavam as claras para engomar hábitos e criaram maneiras engenhosas de aproveitar as gemas. A pastelaria que melhor resume o espírito da casa é a cornucópia. Se só puder provar uma coisa, que seja esta. Trata-se de uma massa muito estaladiça em forma de corno, recheada com sedoso doce de ovos, que valeu à Alcôa vários primeiros lugares em concursos nacionais de pastelaria. A fama já chegou muito além de Alcobaça e, para quem não consiga visitar a loja original, existe também uma filial no Chiado, em Lisboa (Rua Garrett 37), com as mesmas peças artesanais. Degustá-las frente ao mosteiro onde estas receitas nasceram tem, ainda assim, um encanto especial.
📍Praça 25 de Abril 44, 2460-018 Alcobaça
Imagem cortesia de Jornal O Alcoa
Casa dos Doces Conventuais
A Casa dos Doces Conventuais é uma pastelaria de gestão familiar que presta homenagem à tradição que define a identidade da terra, apresentando criações como autêntico património vivo que se come. Encontrará naturalmente os clássicos, como as cornucópias e as trouxas de ovos. Se já os provou, experimente o manjar celeste, um pudim macio de amêndoa e gemas aromatizado com casca de limão, ou os suspiros de freira, que são merengues que se desfazem na boca. Os pastéis de Santa Maria, inspirados no mosteiro, combinam doce de ovos dentro de massa crocante. Consoante a época, aparecem também doces de fruta da região, como a pêra bêbeda, consistindo em pêra de Alcobaça em calda de vinho tinto com especiarias. A produção é feita no local, em pequenas quantidades, com ingredientes locais e técnicas tradicionais. Pode saborear com um café ao balcão ou comprar uma caixa sortida para levar.
📍Praça Dom Afonso Henriques 4, 2460-030 Alcobaça
www.facebook.com/pastelariacasadosdocesconventuais
Imagem cortesia de Casa dos Doces Conventuais no Instagram
Pão de Mel
Escondida numa rua tranquila, a Pão de Mel especializa-se em doçaria conventual com espírito caseiro acolhedor. A estrela é o pão de mel, um bolo denso de mel e especiarias com notas de canela e cravinho, por vezes coberto com calda de açúcar e, ocasionalmente, ainda com um toque de chocolate ou laranja. O balcão conta uma história mais ampla da doçaria de Alcobaça. Há cavacas, biscoitos muito leves com cobertura de açúcar; pães de rala, doces de amêndoa recheados com doce de ovos e chila; e encharcada, uma sobremesa sedosa de fios de ovos cozidos em calda até prender no ponto. Dependendo da estação, pode aparecer o fidalgo, um doce nobre em camadas de doce de ovos, pão-de-ló e amêndoa, ou simples bolos de canela que muitos locais compram para o pequeno-almoço. Se precisar de uma pausa, peça um café e uma fatia morna de pão de mel e recupere energias para continuar a explorar.
📍Rua Dom Afonso de Albuquerque 49, 2460-018 Alcobaça
www.facebook.com/p/Pastelaria-P%C3%A3o-De-Mel-100057628892630
Imagem cortesia Pão de Mel no Facebook
A Casinha dos Montes
A poucos minutos de carro do centro, A Casinha dos Montes é uma padaria e pastelaria de família muito querida pelos locais. A especialidade é a broa de mel e noz, um bolo rústico onde o mel e a noz brilham. Há ainda bolinhos de amêndoa e queijadas de chila como as da foto, pequenos pastéis recheados com gemas e doce de chila. Para algo mais guloso, prove o pão de ló húmido, ligeiramente mal cozido para manter o miolo cremoso, ou a tarte de noz e caramelo, rica e amanteigada. A casa vende também doces regionais à base da mais famosa fruta local, a maçã de Alcobaça, como tarte de maçã com canela e compota de maçã com vinho do Porto. Pode levar para fora ou sentar-se para uma pausa de café com doce, ou um pequeno-almoço à portuguesa.
📍Rua Virgínia Vitorino 42, 2460-076 Alcobaça
www.facebook.com/acasinhadosmontes
Imagem cortesia de A Casinha dos Montes no Facebook
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