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Os melhores pratos à base de ovos que deve experimentar em Lisboa

tomatada

 

Não vai demorar muito tempo depois de chegar a Portugal e comer fora, independentemente da parte do país onde estiver, para entender que os portugueses adoram ovos. Os ovos são uma componente forte dos nossos pratos salgados, e o nosso repertório de bolos certamente sofreria uma severa mudança de identidade se os ovos fossem retirados das nossas receitas doces.

Hoje em dia, o português médio consome 11 quilos de ovos por ano, ou seja, cerca de 220 unidades. Considerando que o pequeno-almoço tradicional português [inserir aqui link para blog post sobre este tema] nem sequer tem ovos, é notável como ainda conseguimos incluir tantos ovos na nossa alimentação durante o resto do dia.

A generalização do consumo de ovos em Portugal e na Europa como um todo remonta ao século V AC , quando os romanos começaram a domesticar galinhas. Até então, os ovos eram consumidos esporadicamente, recolhidos de ninhos de diversas aves silvestres. Mas, a partir deste momento, ter galinhas em casa começou a garantir pelo menos um ovo por animal, por dia.

Ao longo dos séculos, o uso de ovos proliferou, pois estes representam uma fonte de proteína mais barata em comparação com a carne ou o peixe. Além disso, ao contrário de outros alimentos que sazonais ou que precisam de ser preservados, os ovos estão disponíveis o ano todo.

Foi no interior dos conventos a partir do século X, e ainda mais a partir do século XV, quando o açúcar se tornou mais disponível e cada vez mais acessível, que a utilização dos ovos se tornou fundamental para as criações doces que hoje fazem parte da história da gastronomia portuguesa. Estamos a falar da doçaria conventual, o repertório de receitas doces que, ao longo dos séculos, foi desenvolvido no seio de instituições religiosas e que é conhecido pelo uso intenso de ovos e, em particular, das gemas.

 

Entradas e petiscos

Ovos com farinheira

Portuguese tidbits

Em Portugal, não é habitual comer ovos mexidos ao pequeno-almoço. De facto, um pequeno-almoço típico português raramente é cozinhado. Para nós, os ovos mexidos são muitas vezes considerados um petisco, ou seja, uma pequena porção de comida salgada que costumamos comer como aperitivo ou, junto com mais petiscos, como uma refeição completa geralmente partilhada.

Como os ovos mexidos simples não seriam particularmente atraentes para serem apreciados com um copo de vinho, a cozinha típica portuguesa mistura-os com outras fontes substanciais de sabor. A farinheira, um enchido português feito com farinha, gordura de porco e especiarias, é uma adição típica aos ovos mexidos. O teor de gordura e o toque fumado deste enchido adicionam riqueza e profundidade de sabor a ovos velhos simples.

Prove ovos com farinheira no Alcântara 50

📍Rua Vieira da Silva 50, 1350-187 Lisboa

www.facebook.com/alcantara50

 

Ovos verdes

ovos verdes

A Escócia tem os Scotch eggs, primeiro cozidos e depois fritos com carne ao redor, e Portugal tem ovos verdes, com um recheio esverdeado. Ambas são formas de elevar os ovos cozidos e, no caso dos ovos verdes de Portugal, são um caso raro de petisco vegetariano.

A premissa dos ovos verdes é simples: fervem-se os ovos, cortam-se ao meio e retiram-se as gemas. As gemas são esmagadas com cebola picadinha e bastante salsa, deixando o interior dos ovos verde e assim justificando o nome deste prato. Depois de colocar as gemas de volta no seu lugar, os ovos são cobertos com pão ralado e fritos até ficarem crocantes. A parte externa fica estaladiça, enquanto o interior permanece bem suave, e com um sabor aromático. Os ovos verdes são consumidos principalmente por si sós, como petisco ou entrada, mas também podem ser servidos com guarnição para fazer uma refeição mais completa.

Peça ovos verdes como prato principal no Restaurante Zanzibar

📍Praça da Armada 36, 1350-027 Lisboa

www.instagram.com/zanzibar.restaurante

 

Tomatada

a close up of a pizza

A tomatada pode ser considerada a versão portuguesa da shakshuka israelense ou do menemen turco. Em todos os casos, referimo-nos a ovos escalfados numa base de tomates e cebola refogados e, ocasionalmente, com mais alguns vegetais. Também conhecido  como tomatada com ovos escalfados, este prato português é típico do sul de Portugal, do Alentejo, e é mais uma prova da cozinha tradicional desta região, famosa por pegar num punhado de ingredientes simples e transformá-los em algo não apenas nutritivo, mas também delicioso.

Se estiver a comer fora em Portugal e vir tomatada à Alentejana num menu (como no restaurante sugerido abaixo), espere que lhe sirvam ovos escalfados numa base de tomate. Mas se for à província mais a sul de Portugal e vir o nome tomatada à Algarvia, pode contar com que os seus ovos sejam mexidos com tomates, cebola e alho.

O restaurante Pap’Açôrda tem uma das melhores tomatadas de Lisboa.

📍Avenida 24 de Julho 49, 1200-479 Lisboa (dentro do Mercado Time Out)

https://papacorda.com

 

Açorda à Alentejana

a bowl of food on a plate

Ao longo dos séculos, o Alentejo criou várias formas saborosas de aproveitar o pão velho. E a açorda é uma delas! Para reviver o pão alentejano seco e robusto, colocam-se fatias grossas numa tigela e regam-se com um caldo rico em alhos e coentros. Uma receita ultra simples, que pode ser feita na hora e que se completa para consumo de proteína e saciedade com um ovo escalfado por cima.

A açorda à Alentejana é também frequentemente servida com peixe escalfado, mais vulgarmente o bacalhau salgado. Mas, como aperitivo, um ovo escalfado é costume. Além de ser uma sopa quente reconfortante, pode ser preparada em pouco tempo, pois não há processo de cozimento para o prato como um todo, e mais  propriamente uma montagem dos seus vários elementos. Se não gosta de coentros, o poejo também pode ser usado em seu lugar, e acaba por ser igualmente típico!

Procura um local típico para provar a açorda à Alentejana? Visite a Casa do Alentejo! 

📍Rua das Portas de Santo Antão 58, 1150-268 Lisboa

https://casadoalentejo.pt

 

 

Pratos principais

Bacalhau à Brás

a bowl of food on a plate

Se há um prato de bacalhau que deve mesmo experimentar quando visitar Lisboa, é este! O bacalhau à Brás foi inventado no badalado e histórico bairro Alto e consiste em bacalhau desfiado salteado com cebola, batata palha frita e ovos. O prato é finalizado com salsa picada e azeitonas pretas.

Embora o estilo brás tenha surgido com esta receita de bacalhau, o modo de cozinhar à brás é hoje aplicado a outros ingredientes e é considerado uma das técnicas específicas da cozinha portuguesa. Assim, pode comer cebolas fritas, batatas ultrafinas e ovos, misturados com praticamente qualquer ingrediente. Além do bacalhau, hoje em dia o mais frequente são os camarões ou, numa versão vegetariana, o alho-francês.

Há muitos bacalhau à Brás por toda Lisboa, mas a Laurentina – O Rei do Bacalhau tem um dos melhores!

📍Avenida Conde Valbom 71A, 1050-067 Lisboa

www.restaurantelaurentina.com

 

Ervilhas com ovos escalfados

ervilhas com ovos escalfados

Esta é uma das melhores comidas portuguesas de inverno. Ervilhas com ovos escalfados é o que acontece quando se pega na tomatada mencionada acima e, no molho à base de tomate, se decide também cozinhar bastantes ervilhas e temperar tudo com pedaços de chouriço . Este é um guisado com grande quantidade de proteína, pois mistura leguminosas, ovos e alguns pedacinhos de carne. Não é à toa que este é um dos favoritos nacionais para os dias mais frios, pois é uma deliciosa fonte de energia.

Para dar frescura ao paladar, as ervilhas com ovos escalfados são servidas com coentros picados. Embora este seja considerado um prato bastante simples de fazer em casa, nem todo o mundo cozinha da mesma maneira. Não importa onde o experimentar, certifique-se de ter um pouco de pão português na mão para mergulhar nas gemas de ovo ainda semi líquidas.

Visite o Café Lapo se quiser provar ervilhas com ovos escalfados

📍Rua Mal. Saldanha 26, 1200-086 Lisboa

www.facebook.com/lapolisboa

 

Bitoque

a plate of food

Embora tecnicamente não seja um prato de ovos, um bitoque não seria um bitoque sem o ovo. Esta é uma das refeições por excelência de Portugal, composta por um bife fino na frigideira, batatas fritas e um ovo por cima da carne. Outros acompanhamentos, como arroz ou salada, também podem aparecer no prato, mas isso varia dependendo de quem está a cozinhar. Se o cozinheiro gosta de um sabor ácido que complementa lindamente a marinada de alho que geralmente é usada para a carne, picles também podem ser incluídos. Os picles portugueses normalmente incluem uma variedade de vegetais, como a cenoura e a couve-flor.

O bitoque é o tipo de prato que as famílias costumam fazer em casa e que também pode pedir nos restaurantes para saciar a fome sem complicações. Este prato é adorado por miúdos e graúdos e está praticamente disponível em qualquer tasca típica portuguesa – mesmo que não o veja na ementa, pergunte e verá!

O Cardoso da Estrela d’Ouro é um restaurante emblemático da Graça, que serve um bitoque mesmo bom!

📍Rua da Graça 24, 1170-270 Lisboa

www.facebook.com/CardosoDaGraca

 

Bacalhau com todos

a plate of food

Assim como o bitoque, o bacalhau com todos não estaria completo sem um ovo. Este prato de bacalhau inclui mesmo um pouco de tudo! Batatas, uma variedade de legumes, grão de bico e um ovo inteiro por pessoa – todos os elementos são cozidos e regados abundantemente com azeite e aromatizados com bastante alho. Bacalhau com todos é a ceia tradicional de Natal para a maioria das famílias em todo o país. O ovo cozido incluído nesta receita é quase tão icónico quanto o próprio peixe!

D’Bacalhau tem bacalhau… e todos!

📍Rua do Bojador 45, 1990-254 Lisboa

www.restaurantebacalhau.com

 

 

Sobremesas

Ovos moles

ovos moles de Aveiro

A lista de sobremesas portuguesas compostas maioritariamente por ovos é praticamente interminável, mas os ovos moles destacam-se sempre! Esta receita portuguesa inclui partes iguais de gemas e açúcar, cozinhadas até se tornarem numa suave pasta, servidas em papel de arroz fino.

Esta doce iguaria da cidade de Aveiro é servida dentro de wafers com motivos de inspiração marítima, muitas vezes vendidas em pequenas barricas de madeira com pinturas coloridas à mão, mas também podem ser servidas em copinhos para comer à colher. Os ovos moles são um dos doces portugueses mais emblemáticos, inclusive tendo Indicação Geográfica Protegida pela União Europeia.

Experimente os ovos moles originais trazidos de Aveiro na Casa dos Ovos Moles em Lisboa

📍Calçada do Sacramento 25, 1200-393 Lisboa

www.casadosovosmolesemlisboa.pt

 

Trouxas de ovos

O nome desta sobremesa não deixa muito lugar à imaginação! Tal como os ovos moles, as trouxas de ovos são feitas com gema de ovo e açúcar, remetendo-nos para a eterna questão que envolve o vasto repertório de doçaria portuguesa criada nos conventos e mosteiros: como é que podemos ter tantas receitas que foram desenvolvidas sobretudo com gemas de ovos e açúcar, mas que acabam por ter aspectos e gostos diferentes entre elas?

Enquanto os ovos moles são cozinhados num tacho, as trouxas podem ser feitas no forno, simplesmente com uma camada ridiculamente fina de ovos batidos cozinhados num tabuleiro untado com um pouco de açúcar. Uma vez que as gemas solidificam, são enroladas em pequenas trouxas, e a seguir fervidas em calda. É assim que absorvem a doçura que se espera neste tipo de sobremesa. Habitualmente, as trouxas de ovos são recheadas com fios de ovos, mais uma receita de gemas de ovo e açúcar, neste caso, finos fios de gema ovos também cozidos em calda de açúcar.

Na Alcôa o que não falta são trouxas!

📍Rua Garrett 37, 1200-203 Lisboa

 

www.pastelaria-alcoa.com

 

Pudim Abade de Priscos

a plate of food with a slice of orange

Era uma vez, na cidade nortenha de Braga, um abade chamado Priscos que desenvolveu uma receita que, ao longo dos tempos, tem vindo a colocar muitos crentes cara a cara com o pecado da gula. O pudim com o nome deste abade leva a receita portuguesa de pudim de ovos a um outro nível, adicionando um pedaço de toucinho! O resultado não é salgado, muito pelo contrário, pois trata-se de um pudim cozido no forno em banho maria, dentro de uma forma forrada de caramelo.

Para além do toucinho e de uma generosa quantidade de açúcar, o pudim Abade de Priscos inclui também grandes quantidades de ovos (cerca de 15 gemas para um pudim familiar de tamanho habitual, como o aqui mostrado!), bem como raspa de limão e vinho do Porto. Pecaminoso, mas também divino.

Cometa um pecado n’ O Galito e deixe as confissões para mais tarde!

📍Rua Adelaide Cabete 7, 1500-441 Lisboa

www.ogalito.pt

 

Pão de Ló

a piece of cake sitting on top of a paper plate

O pão de ló de Portugal é semelhante ao pan di Spagna da Itália e ao Victoria sponge do Reino Unido. A particularidade do pão de ló é que, ao contrário dos seus homólogos internacionais, é feito para ficar molhado por dentro. Também temos bolos semelhantes perfeitamente cozidos e secos, mas um pão de ló tradicional, como o da cidade de Ovar, quer-se servido ainda colado ao papel vegetal usado para o cozer, e até pode desfazer-se um pouco ao cortar as fatias. O exterior parece um bolo, enquanto que o interior tem uma consistência mais parecida com a de um pudim.

O pão de ló faz parte da história culinária de Portugal e foi levado para o oriente por missionários portugueses no século XVI, tendo origem no agora popular bolo japonês kasutera.

O Melhor Pão de Ló do Universo afirma ter o melhor Pão de Ló do universo. Só há uma maneira de descobrir se isso é mesmo verdade…

📍Rua Nova de São Mamede 54, 1250-204 Lisboa

www.instagram.com/omelhorpaodelodouniverso

 

Molotof

a close up of a doughnut

Quando começa a adentrar-se no mundo das receitas doces portuguesas, entende-se que a maioria delas usa gemas de ovo em vez de ovos como um todo. Então, o que acontece com todas as claras de ovo restantes? Antigamente, a clara de ovo tinha vários usos além dos fins culinários. De fato, várias das receitas que fazem uso intenso das gemas surgiram da necessidade de não desperdiçar as gemas que sobraram depois de usar as claras para engomar roupas ou colar folhas de ouro nas igrejas.

Hoje em dia, as claras de ovo são mais usadas na cozinha e existem várias receitas que garantem que nada seja desperdiçado! O pudim molotof é uma delas, e consiste num flan de clara de ovo. Imagine um pudim branco, esponjoso e geralmente alto, regado com caramelo. Esta é uma sobremesa super atraente que facilmente se destaca na vitrine de sobremesas dos restaurantes, especialmente quando em contraste com os outros doces maioritariamente em tons de amarelos.

Delicie-se n’ Os Compadres

📍Estrada Desvio 28, 1750-099 Lisboa

https://restauranteoscompadres.net

 

Farófias

a plate of food on a table

Finalmente uma sobremesa que valoriza tanto as gemas como as claras! As farófias são merengues escalfados, isto é, claras de ovos batidas com açúcar, escalfadas em leite adoçado,  aromatizado com raspa de limão e canela. Estas fofas nuvens de ovos são cobertas com um creme feito com o mesmo leite e adição de gemas, e servidas polvilhadas com canela em pó.

As farófias datam do século XVIII e, embora já não estivessem muito presentes nas ementas dos restaurantes, têm vindo a regressar nos últimos anos, sobretudo com toques mais contemporâneos, como complementos frutados ou coberturas de frutos secos.

Peça farófias e sinta-se nas nuvens n’A Casa do Bacalhau

​​📍 Rua do Grilo 54, 1900-706 Lisboa

www.acasadobacalhau.com

 

 

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