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Filipa, a alma Valente da Taste of Lisboa Food Tours

Black and white picture of Filipa Valente, owner

Podia ter um emprego das 9 às 6, mas Filipa Valente prefere perder-se pelas ruelas dos típicos bairros lisboetas à procura das vivências gastronómicas. Os viajantes e visitantes que a acompanham, foodies por definição como ela, ficam deliciados com a verdadeira cultura portuguesa à volta da comida.

Quem é a Filipa?
Sou uma curiosa de apetite ávido e insaciável, que adora farejar novos caminhos e descobrir mundos novos e novas perspetivas do que me rodeia. Quando não encontro nada de novo à minha volta, mudo de lugar. Mas volto sempre àqueles que mais gosto. Sejam pessoas, sejam lugares, sejam comidas. Volto sempre à procura da Lisboa renovada, à ondulação do rio influenciado pelo mar e a experimentações partilhadas com gente por conhecer ou amigos de sempre.

O que te fez trocar um emprego estável pela aventura do Taste of Lisboa?
O estável é aquilo em que nos conseguimos equilibrar. Não sinto que tenha sido uma troca, foi uma evolução. Há alturas em que sentimos que para continuarmos a crescer e nos realizarmos temos de deixar a dormente sensação de segurança para trás. Foi como se tivesse decidido tirar as rodinhas laterais da bicicleta.

Como surgiu a ideia dos passeios por Lisboa?
Surgiu através de um amigo americano que insistia que Lisboa era a cidade certa e que eu era a melhor pessoa para associar a um negócio de passeios gastronómicos. Segundo ele eu era aquela me entusiasmava quase mais dos que os visitantes a mostrar a cidade e a que estava sempre a par do sítio novo ou daquele recanto alternativo para nos reunirmos e experimentarmos um copo, partilharmos um petisco entre uma boa conversa. Tanto insistiu que acabei por levá-lo sério. Tão a sério que passei a achar ainda mais graça e a divertir-me com o passear por Lisboa e conhecer pessoas. Foi assim que nasceu a Taste of Lisboa Food Tours.

Porquê a Mouraria e Campo de Ourique?
Tanto a Mouraria como Campo de Ourique são bairros que espelham o dia-a-dia espontâneo dos lisboetas. Quem lá circula são sobretudo os moradores e todo o comércio que existe é feito para os residentes. O que mantém estes bairros muito genuínos. Não estão à espera do turista. Esse é o encanto destes bairros para o viajante curioso, que gosta de sentir o real vibrar da cidade e das pessoas e acha enriquecedor expor-se e adaptar-se ao meio. Quanto à gastronomia, cada um dos bairros também transmite a sua própria experiência muito real: a Mouraria com os restaurantes e estabelecimentos de bairro com os seus proprietários de há muitos anos, com uma cozinha tradicional que se adapta ao que existe no mercado; Campo de Ourique com uma restauração mais conceptualizada e uma gastronomia experimentalista descontraída.

O que procuras transmitir nos passeios e nas atividades da Taste of Lisboa Food Tours?
Procuro transmitir o que é a Lisboa dos Lisboetas e como é a nossa comida quotidiana, o que na realidade é uma manifestação cultural do que somos.

Qual o prato que os turistas querem sempre provar?
Bacalhau? Não sei. Os participantes das food tours e das aulas de cozinha da Taste of Lisboa são mais viajantes e exploradores do que turistas. Querem que lhes mostremos o que ainda não conhecem. Gostam sobretudo das estórias por detrás dos pratos, das raízes dos costumes e tradições gastronómicas que temos. Acho que é o que lhes enche a alma, porque como foodies têm papilas gustativas e estômagos predispostos. E a nossa cozinha surpreende-os e delicia-os.

E qual aquela iguaria que é sempre uma surpresa e que acabam por adorar?
Varia muito. Em geral, o conhecimento que têm sobre a comida portuguesa é baixo quando iniciam uma das nossas experiências. Querem mesmo experimentar tudo. Logo as surpresas tendem a ser uma constante.

Nestes passeios por Lisboa aprendeste a gostar de algum prato em especial?
Aprendi a gostar de chocolate com sal. Com muito sal! Foi uma troca de experiência gastronómica com um casal sueco e é o que mais prazer me dá nesta atividade: esta interação com pessoas diferentes, que querem também partilhar o seu melhores costumes gastronómicos e tradições sazonais. É viajar sem sair de casa. Dos pratos portugueses perdi o preconceito ao arroz de cabidela e ao final de décadas voltei a provar. Adorei! Só de me recordar já estou a salivar.

O que mudou na tua vida com este projecto?
Está tudo a mudar. Mudam as fronteiras entre esferas da vida, muda a intensidade dos ritmos e das disponibilidades, expandem-se os horizontes, renovam-se interesses e paladares, conhecem-se muitas pessoas e fazem-se novas amizades… Em plena transformação.

Qual o teu lugar preferido em Lisboa e porquê?
Acho que os lugares são feitos pelas pessoas. Por isso tenho muitos lugares preferidos em Lisboa, consoante a ocasião e a companhia. Lisboa nunca se esgota e nunca me cansa.